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Artigo filosófico é publicado no jornal O Popular

Ontem foi publicado no jornal O Popular artigo do professor Jean César.

Boa Leitura!

Cópia de artigo jean opopular

A causa das causas

Dias atrás, um amigo me enviou o link de um vídeo sobre o sofrimento que causamos aos animais, e os prejuízos ao planeta, por tê-los em nossa dieta.

Em virtude de nossa amizade e dos ótimos argumentos apresentados no vídeo, eu me vi inclinado a refletir sobre a questão.

De fato, pensando em números, parece que se deixássemos de comer carne, haveria uma série de benefícios para todos (nós, os bichos e o planeta). Mas não quis me contentar nem com os males nem com os argumentos apresentados no vídeo, e preferi refletir sobre as causas mais profundas, as raízes mesmas, de nossos problemas.

Concordo com a maior parte dos argumentos apresentados por pesquisadores e cientistas quando falam sobre essas causas: O clima é afetado pela poluição de nossas fábricas; os peixes desaparecem tanto pela pesca predatória quanto pela poluição; desperdiçamos água; estamos esgotando recursos naturais não renováveis… E mais… Poluição, desmatamento, desperdício, má distribuição da renda, violência…

Por que chegamos a isso? O que está errado?

Há estudiosos que apontam a superpopulação como uma das principais causas, do que eu não discordaria, pois realmente, segundo muitos estudos, nosso planeta não poderia sustentar mais que 1 bilhão de seres humanos, e já passamos dos 7 bilhões! Mas é essa a causa? Por sermos muitos?

São bons os argumentos, e de uma realidade contundente. Mas, em minha humilde opinião, eles apresentam um problema: não se referem à causa primeira, à causa das causas. Eles apontam causas válidas, mas que derivam de outra…

Na literatura filosófica antiga, é comum ver presente a ideia de que “somos apenas células de um imenso Ser”, que os gregos chamavam de Macro-bios, o imenso organismo cósmico, ou Macro-cosmo, no qual somos partícipes como diminutas células, ou micro-cosmos.

Diziam que toda a natureza é “Um Ser”, vivo, do qual somos parte, e que se qualquer mal (injustiça) ocorre ao organismo, as partes sofrem, e se qualquer mal afeta as partes, o organismo sofre (e nós com ele).

Ensinavam que os laços que nos unem são muito mais fortes do que cremos, pois, em última instância, não seria possível viver realmente bem se o todo não estiver bem, gerando em nós o sentimento de que devemos cuidar bem de tudo e de todos, o sentimento de Fraternidade Universal, presente até hoje nos hinos e bandeiras de muitas nações, mas, na prática, ausente nas ações da maioria.

Como aficionado que sou das ciências, acompanho com vívido interesse as descobertas da Física e outras, e é curioso notar como elas coincidem com estes velhos ensinamentos, em teorias como a do Caos, o Entrelaçamento Quântico, o Efeito Borboleta, a Hipótese Gaia, e várias outras, no sentido de que nada ocorre sem que isso interfira no funcionamento do Todo, ou seja, que o Todo depende de nossas ações individuais; para bem ou para mal.

Um desses antigos tratados filosóficos, o Kybalion, afirma: “O Universo é Mental”, e também “Assim é acima, como é abaixo”, isso significa dizer que a vida depende de nossos pensamentos e sentimentos, e que as mesmas leis que atuam no mundo material atuariam também no mundo sutil, nos pensamentos e sentimentos (e talvez além).

Se a moderna física, e também os antigos sábios, dizem-nos coisas tão similares, não seria ingenuidade nossa acreditar que o que pensamos ou sentimos e, mais ainda, que nossas ações não afetam a tudo e a todos ao nosso redor? E especialmente a nós mesmos?

Hoje, mais do que nunca na história, vivemos uma civilização materialista e individualista; prezando antes pelo conforto que pela honra; pelo salário antes que pela virtude; pelo prazer antes que pelo amor…

Não! Eu não acredito que a causa primordial de nossos problemas seja somente aquilo que comemos. Eles são de uma ordem mais interna, mais sutil e mais grave!

Jean César Antunes Lima

Professor de filosofia em Nova Acrópole

 

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